O quadro acima retrata a cena em que o advogado Robespierre, principal mentor do banho de sangue na revolução francesa é guilhotinado vitima do próprio monstrengo juridico que criou. A revolução Francesa só teve inicio porque o Rei Luis XIV conhecido por sua moleza deixou que revolucionários tomassem o poder e criassem leis iníquas que perseguiram pessoas honestas enquanto protegiam a bandidagem.

sábado, 14 de julho de 2012

Governo da China obriga chinesa a aborto forçado em nome do controle de natalidade.




Crescem as críticas à política de filho único na China
Cláudia Trevisan


Pequim — O escândalo em torno do aborto forçado de um feto de sete meses e distorções decorrentes do controle de natalidade provocaram uma onda de questionamentos à política de filho único na China e levaram intelectuais a defenderem formalmente a sua revisão. Em carta enviada ao Congresso Nacional do Povo, um grupo de 15 acadêmicos pediu o cancelamento do controle de natalidade adotado há três décadas. No dia anterior, três integrantes do Centro de Pesquisa em Desenvolvimento, ligado ao Conselho de Estado, sugeriram ajustes na política para permitir que as famílias tenham dois filhos.

Além disso, são comuns os casos de abusos como o que sofreu Feng Jianmei, mulher de 22 anos retirada à força de sua casa e submetida, contra sua vontade, a um procedimento que matou seu feto de sete meses e induziu ao parto. Os pesquisadores ligados ao Conselho de Estado — o gabinete chinês — usam outros argumentos para questionar o controle de natalidade. Segundo eles, as medidas levaram ao rápido envelhecimento da população e à redução na oferta de mão de obra, que ficou evidente nos últimos dois anos com a dificuldade de indústrias em contratar.
(O Estado de S. Paulo, sexta-feira, 6 de julho de 2012)







Escândalo abala política de filho único na China
Cláudia Trevisan

Linyi — Zhang Wenfang já havia entrado no nono mês de gravidez quando foi arrastada de sua casa por uma dúzia de pessoas, colocada em um carro e levada a uma clínica de controle de natalidade, onde recebeu uma injeção que matou seu bebê e induziu ao parto. As contrações só começaram dois dias depois. Apesar dos gritos de dor, ninguém apareceu para ajudá-la e ela desmaiou.
Quando acordou, Zhang estava em um hospital, para onde foi levada quando o aborto se complicou. O feto já havia desaparecido. Além do bebê, ela também perdeu seus órgãos reprodutores internos, retirados sem seu consentimento. Em razão das seqüelas da cirurgia mal feita, ela passa a maior parte do tempo em uma cadeira de rodas. Seu marido a abandonou e o filho de 6 anos vive com os sogros.
Tudo ocorreu em 2008. Desde então, Zhang tenta obter compensação e a punição dos responsáveis, sem sucesso. A lei chinesa proíbe abortos depois dos seis meses de gravidez e exige o consentimento da mãe para realização do procedimento em qualquer circunstância.
Apesar disso, casos semelhantes se repetem em toda a China. Os abortos forçados são a face mais escandalosa dos abusos cometidos em nome da política de filho único, mas os atos de violência incluem a detenção de familiares de mulheres que se recusam a interromper a gravidez, extorsão, agressões, torturas e até assassinatos.
Zhang decidiu falar publicamente de seu caso depois da repercussão provocada pela foto de uma mulher ao lado do feto de sete meses retirado de seu útero contra sua vontade. A imagem circulou na internet e deu origem a uma onda de críticas ao controle de natalidade. Em resposta, o governo anunciou o afastamento dos responsáveis pela política de filho único no local, mas a punição dos que cometem abusos é rara.
Nenhum dos funcionários que obrigaram Zhang a abortar perdeu o emprego ou recebeu qualquer tipo de sanção. Alguns foram transferidos para a cidade, o que significa uma promoção. A camponesa recorreu a autoridades em Pequim e conseguiu falar com um funcionário da Comissão Nacional de Planejamento Familiar, que não acreditou na história. “Ele me disse que abortos de fetos com mais de seis meses não podem ser realizados, não importa quantos filhos a mulher tenha”, disse Zhang em entrevista ao Estado.
Fang Zhong Xia já tinha duas filhas quando engravidou, em 2005. Sabendo do risco de ser arrastada para um aborto forçado, ela fugiu com o marido, Fang Zhong Gan. Para obrigá-los a voltar, os chefes locais do controle de natalidade prenderam 22 de seus parentes e vizinhos, entre os quais três crianças e uma mulher grávida.
Sob pressão, ela foi obrigada não só a abortar, mas a fazer a cirurgia de esterilização. “Eles me disseram que se eu não concordasse, meus parentes não seriam libertados”. Além disso, a família teve de pagar uma espécie de fiança, chamada de “taxa de estudos”, para libertar os detidos. Na época, foram 100 yuans por criança e 200 yuans para cada adulto, em um total de 2.200 yuans (R$ 654), quase 70% da renda média anual no campo em 2005. “Eu gastei todas as minhas economias”, lembra o marido.
Desde então, os Fang tentam obter compensação pela perda do filho, a esterilização forçada, as prisões e o pagamento da “fiança”, sem sucesso. O casal vive na vila de Maxiagou, a poucos quilômetros da vila de Dongshigu, de Chen Guangcheng. Ambas estão localizadas na cidade de Linyi, em Shandong, que ganhou fama em 2005, quando Chen expôs milhares de casos de abortos e esterilizações forçados. “Espero que ele volte, porque dependemos dele para resolver nossa situação”, afirmou Fang, que, em 2006, foi com outras vítimas de abusos tentar acompanhar o julgamento do ativista, mas nenhuma das mulheres conseguiu entrar na corte.
(O Estado de S. Paulo, domingo, 8 de julho de 2012).



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